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Exposição

Memórias à flor da pele de Sofia Beça e Paulo Pimenta

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A exposição Memórias à flor da pele transporta-nos para o que está simultaneamente longe e perto de nós ou para o modo como o passado pode ser ativado para o presente - que neste momento se torna, incontornavelmente, passado. Momentos da experiência vivenciada e acerca da qual fará sentido exaltar a intensidade ou dimensão que nos arrepia o corpo e nos abala a alma. A pele que, nos trabalhos da Sofia Beça, possui a expressividade de catarse, de purgação. Pele de texturas e tonalidades que sugerem pequenas explosões contidas, automatismos quotidianos, intermináveis repetições de gestos, ações organizadas, percursos e rotinas realizadas aqui, nesta terra, com a terra, com a argila que absorve, como nós próprios Absorvemos...

Memórias à flor da pele é igualmente título de uma obra em parceria com o Paulo Pimenta. Duas reflexões sobre o si - self - de estrutura não-linear e não cronológica que resultam numa espécie de diálogo espelhado onde se gravam registos fragmentados através e entre os quais nos poderemos encontrar ou reencontrar. Uma escrita a duas mãos que no trabalho do Paulo Pimenta é sempre entendida como um momento de partilha.

As suas fotografias são como mergulhos profundos, discretos, complexos e silenciosamente perturbadores. Partilhas do sentir pelo ver e que, bem distinto do olhar desatento do quotidiano contemporâneo, se cravam em nós. São viagens de, pela e sobre vida - pelos tempos e pelos lugares dos nossos mais diversos eus. São corpos que encarnam personagens e que espelham fantasias, fantasmas, o agridoce dos momentos, dos seres humanos, de lugares mais próximos ou mais distantes, inquietando os nossos mais íntimos segredos e medos.

Assim, exprimem-se sentimentos tão diferenciados e tão próximos como a paixão ou a mágoa, o amor ou a perda, sensações e emoções que de tão silenciosamente se conterem, parecem aproximar-se da implosão. Qual será o melhor caminho? Talvez encontremos resposta caminhando..., "desenhando e esculpindo a diferentes ritmos, velocidades... sem pressa, mas em direcção a um objectivo agradável (Rousseau, Jean-Jacques, 1712-1778) no qual o tempo e a maneira como se desfruta dele, sem saber o que sucederá após o passo seguinte, estimula-nos a prosseguir. Passeando, correndo, parando, avançando em direcção a... seguimos e/ou somos seguidos, tropeçamos, por vezes, caímos e reerguemo-nos... sentimos e somos sentidos, observamos e somos observados, ouvimos e somos ouvidos, entendemos e somos entendidos umas vezes mais ou melhor e outras vezes menos ou pior... emocionamo-nos e emocionam-nos".

Rute Rosas Fevereiro, 2014 

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15 mar 2014 • 29 jun 2014
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Memórias à flor da pele Desdobrável 2014 • 2.12 MB
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